dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     16/05/2024            
 
 
    

Este texto é um breve resumo da tese de doutorado defendida recentemente pelo autor no Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/COPPE), na qual analisou os mercados de produtos coloniais do Oeste Catarinense, região na qual se originaram os maiores grupos agroindustriais de carnes de aves e suínos do Brasil. Por produtos coloniais entende-se um conjunto de produtos tradicionalmente processados no estabelecimento agrícola pelos agricultores de origem italiana e alemã - os “colonos” - para o autoconsumo familiar, tais como salames, queijos, doces e geléias, conservas de hortaliças, massas, biscoitos e açúcar mascavo, dentre outros. Embora muitos destes produtos tradicionalmente já fossem vendidos no mercado informal, sobretudo pelos agricultores mais pobres, a partir do final da década de 1990, perante uma situação de crise nas atividades tradicionais, especialmente pela exclusão na suinocultura, agricultores organizados em grupos, ou mesmo individualmente, passaram a construir suas “agroindústrias familiares rurais” para produzir e vender estes produtos no mercado formal. 

O autor analisou também questões legais, sociais, organizacionais e tecnológicas que envolvem o processo de produção e de comercialização destes produtos de qualidade diferenciada. Para tal, realizou-se extensa pesquisa de campo, com entrevistas na França e no Brasil, possibilitando comparações. Na França o autor entrevistou agricultores do Vale do Loire, produtores de alimentos de qualidade diferenciada (produits fermier) e, em Paris, feirantes de produtos orgânicos, estabelecendo comparações com a realidade do Oeste Catarinense, região enfocada no estudo, na qual foram entrevistados agricultores e demais atores do setor agroalimentar, como técnicos, líderes sindicais, dirigentes de cooperativas e de ONGs e diretores de indústrias agroalimentares de médio porte. Para analisar as possibilidades dos produtos coloniais acessarem mercados fora da Região, sobretudo junto à alta gastronomia, o autor entrevistou chefs de cozinha em grandes centros do Brasil.

Dentre as principais conclusões, as análises da pesquisa apontaram para o surgimento no Oeste Catarinense de mercados de produtos diferenciados que se constroem em torno da imagem positiva dos produtos coloniais. Assim, a Região, além de abrigar importante parque agroindustrial de suínos e aves, começa também a presenciar a emergência de uma economia de produtos de qualidade diferenciada.

Entretanto, os mercados de produtos coloniais têm-se caracterizado como mercados de proximidade. Porém, a pesquisa mostrou que esses produtos começam a percorrer caminhos extra-regionais, em pequenas quantidades, por se tratar ainda, majoritariamente, de mercado informal, seguindo, em termos geográficos, por duas vias principais: uma delas, pela rota migratória seguida pelos colonos, para o Mato Grosso do Sul, para o Mato Grosso e para estados do Norte e Nordeste (sudoeste da Bahia) ou então para o Rio Grande do Sul. A outra segue em direção aos grandes centros consumidores do País, sendo a comercialização efetuada, sobretudo, em restaurantes e churrascarias de propriedade de pessoas da Região. A pesquisa apontou também para a perspectiva de acesso a mercados de alto valor agregado, como a alta gastronomia, via chefs de cozinha desejosos de associar a imagem de seus restaurantes aos produtos artesanais.

Os produtos coloniais contribuem assim para construir uma nova imagem do Oeste Catarinense não mais apenas como fornecedor de alimentos de consumo de massa – derivados de suínos, aves e leite produzidos por grandes agroindústrias - mas também oferecendo produtos de qualidade diferenciada e de alto valor agregado, o que pode dinamizar outros setores econômicos, especialmente o de serviços como o turismo rural.

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Clóvis Rossetto
05/12/2010 14:33:11
boa notÝcia, sem d·vida nossa regiÒo tem potencial muito grande nesse segmento, Ú preciso porÚm melhorar a estrutura organizacional dos nossos produtores,talvez essa idÚia que vem surgindo da criaþÒo de uma cooperativa central das pequenas cooperativas seja um passo importante neste sentido.

Bruno Jacobson da Silva
18/09/2013 16:36:24
Este trabalho está disponível na internet, se não tiver, onde posso conseguir?

Para comentar
esta matéria
clique aqui
2 comentários
Arroz: Embrapa lança hoje primeiro híbrido
BRSCIRAD 302, que chega ao mercado na próxima safra, tem produtividade diferenciada e forte apelo comercial
Químicos não controlam mancha alvo e antracnose
Pesquisa mostra ineficiência dos produtos e recomenda a rotação de cultura e o uso de variedades resistentes
Mecanização na colheita triplica capacidade de produção
Com tecnificação, rendimento do produtor passa de 1 tonelada de raízes de mandioca por dia para 3 a 4 toneladas por dia
Inseticida 100% natural chega ao mercado
Produto à base de substâncias naturais substitui necessidade de misturar a calda para controlar ação dos insetos
Para o gado não perder peso no curral
Se o manejo não for novidade, a rês sofrerá menos estresse e ficará mais calma. A consequência disso são menos lesões, melhor qualidade de carne e mais rendimento de carcaça.
Intoxicação em animais domésticos
Os animais mais novos e os mais velhos são particularmente vulneráveis à intoxicação acidental. Os sintomas de intoxicação dependem do tipo de produto, da quantidade ingerida, do tipo de contato, das condições físicas do animal, etc.
Capacitação da Assistência Técnica em ILPF e SPD
A ILPF, associada ao SPD está proporcionado uma nova revolução na nossa agricultura, a #quot#revolução azul#quot#, que pode ser atestada pelos benefícios econômicos, ambientais e sociais gerados no campo.
Mercados de produtos coloniais da Região Oeste de Santa Catarina
A pesquisa apontou para a perspectiva de acesso a mercados de alto valor agregado, como a alta gastronomia.
Análise Genômica em Bovinos
Estudos avançados em Metagenômica e Biologia de Sistemas poderão auxiliar, por exemplo, no melhor entendimento da evolução do sistema digestivo de artiodáctilos
10 dicas para montar hortas ecológicas
É muito importante fazer a rotação nos canteiros, ou seja, evitar o cultivo da mesma planta (ou de plantas da mesma família) sempre no mesmo canteiro
Tecnologia inédita no Brasil traz novidade no combate à mosca-dos-chifres
Método de diagnóstico por DNA importado dos Estados Unidos vai identificar populações de insetos resistentes
Alta produtividade e resistência aos nematóides de galha
Lançamentos da Embrapa para a safra 2010/2011, BRS Juliana e BRS Gisele têm ciclo tardio e são adaptadas ao Cerrado
Monitoramento de doenças: economia de R$ 40 por hectare
Além do benefício econômico, agricultor recebe um selo de qualidade do Ministério da Agricultura para exportação
Terra preta de índio: solo fértil e resistente na Bacia Amazônica
Estima-se que a terra especial tenha sido produzida há mais de 4 mil anos por índios que queimavam os resíduos orgânicos e depositavam a matéria carbonizada no solo

Conteúdos Relacionados à: Agricultura Familiar
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada